quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Revisao de Materia Medica - CANCER

MATERIA REPRODUZIDA PARA FINS DE ESTUDO.

FONTE - http://revistas.labiofamcuba.com/pt-pt/efeito-terapeutico-do-veneno-do-escorpiao-rhopalurus-junceus-em-pacientes-com-cancer-de-pancreas.htm

Número: 1/2010
Citotoxicidade do veneno do escorpião cubano Rhopalurus junceus e suas fracções sobre linhas celulares tumorais humanas

RELATÓRIO DE CASO

Efeito terapêutico do veneno do escorpião Rhopalurus junceus em pacientes com câncer de pâncreas
Dra. Niudis Cruz Zamora1*
Dra. Maricela Espronceda Pérez
Dra. Caridad Li Serrano
Dr. Jorge A. Fernández García
Dra. Ma. Isabel Bermudez Domínguez
Dra. Neiza Verges Suárez
* Dra. Niudis Cruz Zamora - Especialista de Iº Grau em Medicina Geral Integral.
E-mail: niudis.cruz@infomed.sld.cu

O câncer de pâncreas reapresenta a quinta causa de morte por câncer no mundo e no presente século, sua incidência é de 9 por cada 100 000 habitantes [1,2].
Os pacientes com a doença localmente avançada e com metástase são diagnosticados tardiamente e não são elegíveis geralmente para a ressecção cirúrgica, a que permanece até hoje como a única opção de cura da doença [3].
A quimioterapia sistêmica aumenta modestamente a sobrevida dos pacientes e em alguns casos apesar de convertê-los em operáveis, aparecem e persistem eventos adversos relacionados com esses tratamentos.

O fato de que só 5% dos pacientes apresentem uma média de sobrevida de cinco anos e 23% apenas consiga sobreviver 1 ano, constitui um desafio na busca de novas alternativas ou modalidades terapêuticas que contribuam ao melhoramento da qualidade de vida e ao prognóstico desta doença [4].
O veneno do escorpião Rhopalurus junceus, endêmico de Cuba, tem sido utilizado na medicina tradicional cubana para o tratamento de diferentes doenças, entre elas o câncer [5]. Estudos pre-clínicos têm demonstrado a inocuidade do produto administrado por via oral; bem como um significativo efeito analgésico, antitumoroso e antimetastásico em animais de experimentação, (trabalhos ainda não publicados).

O Grupo Empresarial LABIOFAM tem uma longa experiência no tratamento do câncer e de outras patologias com o uso do veneno deste escorpião. A partir desses antecedentes foi realizado um estudo retrospectivo descritivo com o propósito de determinar o efeito terapêutico deste produto natural, em pacientes com câncer de pâncreas tratados em nossa Instituição durante os últimos cinco anos.
Escala da dor Grau 0: Ausência de dor.
Grau 1: Dor mínima ou moderada que não precisa de tratamento ou necessita analgésicos para seu alívio de forma intermitente.
Grau 2: Dor severa que precisa de medicamento constante para seu alívio.
Grau 3: Dor incapacitante que não consegue ser aliviada com medicamentos.

Materiais e Métodos
Critério de busca: para avaliar a efetividade do tratamento com o veneno de escorpião, foi analisada a base de dados da consulta de medicina geral de LABIOFAM, na qual aparecem arquivados os registros dos pacientes que são tratados com este produto natural. Os dados de interesse adicionais foram obtidos dos resumos de histórias clínicas, dos exames complementares realizados pelo médico oncologista e uma sondagem que se realiza periodicamente ao paciente e/ou aos familiares relacionados segundo cada caso. A busca na base de dados abrangeu os últimos cinco anos (2005-2010).

Critério de seleção dos pacientes: foram analisados os registros com confirmação histológica do câncer de pâncreas, a existência do consentimento informado e aqueles pacientes que tendo uma opção terapêutica decidiram tratar-se exclusivamente com o veneno de escorpião.

As variáveis a ter em mente foram: as faixas etárias, sexo, dor e sobrevivência.
Avaliação da dor: O efeito do tratamento do veneno sobre a dor foi medido segundo a escala de intensidade da dor, utilizada no Hospital Hermanos Ameijeiras e publicada por Sánchez e col. no ano 2003 [6].

Resultados

A partir da análise da base de dados foi encontrado um total de 51 pacientes nos quais se observou uma sintomatologia clínica com características e evidências relacionadas com o câncer de pâncreas. Contudo, só um total de 17 pacientes cumpriram os critérios de seleção estabelecidos previamente para o estudo.
Em nenhum dos casos tratados com o veneno de escorpião foram evidenciados sinais de toxicidade referidos ao produto. A maioria dos pacientes tratados são do sexo feminino e da faixa etária entre 60-64 anos e mais de 80 anos (tabela 1). As altas percentagens de incidência da doença nestes dois grupos coincidem com o fato de que este representa a primeira e segunda causa de morte em pessoas de 60-69 anos e mais de 80 respectivamente [7].
No caso particular do sexo, o câncer de pâncreas, apresenta uma maior incidência no homem do que na mulher, o que não coincide com os registros dos casos analisados onde o sexo feminino apresenta 77%. Não obstante, durante os anos 2008 e 2009 em Cuba faleceram mais homens do que mulheres por esta doença [8].
A avaliação do efeito analgésico se realizou no primeiro ano de tratamento. Na análise da tabela 2 chamou a atenção o marcado potencial analgésico do produto natural, demonstrável quando se comparam os valores percentuais dos pacientes que ao início do tratamento apresentavam dor severa e incapacitante (grau 2 e 3) representado por 88.3%. A partir dos três meses se observou uma melhoria no estado geral dos pacientes, com uma diminuição na quantidade dos casos (47.05%) que se encontravam em grau 2 e 3 da escala da dor. Após um ano de tratamento com o veneno de escorpião, 76.47% dos pacientes só apresentou dor mínima ou moderada (grau 1) (tabela 2).

Testes clínicos com o veneno do escorpião chinês Bhutus martensii karsh têm demonstrado as potencialidades destes venenos no tratamento da dor [10,11]. Adicionalmente a partir do veneno deste escorpião foram identificados recentemente princípios ativos com uma atividade analgésica superior à morfina, ao ser comparados em estudos experimentais em animais [12]. O veneno desta espécie tem sido empregado na medicina tradicional chinesa para o tratamento de doenças como a epilepsia, a dor causada pela meningite, reumatismo entre outras.

A variável mais importante analisada foi a sobrevida dos pacientes com câncer de pâncreas tratados com o produto que aparece recolhido na tabela 3, onde estão os anos de sobrevida durante os cinco anos avaliados.
A percentagem de sobrevida aos cinco anos ultrapassa a média estatística para o câncer de pâncreas em que apenas 20% e 5% dos pacientes alcança o ano e os cinco anos de sobrevida respectivamente [9].
Esta doença cursa com marcada deterioração do estado clínico geral [10] e os níveis de sobrevida dos pacientes tratados com o veneno de escorpião se correspondem com uma elevação da qualidade de vida e uma estabilização da doença oncológica.
O conjunto de estudos clínicos e pré-clínicos realizados com outros venenos de escorpião junto dos recentes resultados experimentais com o veneno da espécie cubana, apóiam as evidências observadas neste trabalho e demonstram as potencialidades terapêuticas do veneno de Rhopalurus junceus como tratamento alternativo para pacientes com câncer.

REFERENCIAS

1. Bayraktar S, Bayraktar DU, Rocha-Lima MC. Recent developments in palliative chemotherapy for locally advanced and metastatic pancreas cancer. World J Gastroenterol 2010; 16(6):673-82.
2. Jemal A, Siegel R, Ward E, Hao Y, Xu J, Thun MJ. Cancer statistics, 2009. CA Cancer J Clin 2009; 59:225-49.
3. Richter J, Saif WM. Locally Advanced Pancreatic Adenocarcinoma: Where Are We and Where Are We Going? JOP. J Pancreas 2010; 11(2):139-43.
4. American Cancer Society. Cancer Facts and Figures 2009. Disponível em: http://www.cancer.org/downloads/2009-500809web.pdf. Acesso em 28.10.2012 - 19h
5. De Armas LF. Escorpiones del Archipiélago Cubano. lV. Nueva Especie de Rhopalurus (Scorpionida: Buthidae). Poeyana 1974; 136:1-12.
6. Ministerio de Salud Pública. Anuario Estadístico de salud 2009.
7. Anuario Estadístico 2008 – Morbilidad. Disponível em (http://bvs.sld.cu/cgi-bin/wxis/anuario/?IsisScript=anuario/iah.xis&tag80...)Acesso em 30.12.2012 - 21h
8. Sánchez MM, Carnot UJ, Feites M E., De Castro A R., Muñío PJ, Martínez HC, Pérez RG, Candebat CR. Tratamiento quirúrgico de las lesiones de la columna vertebral en pacientes con mieloma múltiple. Rev. Cubana Med. 2003; 42(4) 13-22
9. Pan Yi Zheng, Tang Ye Lei (Deptartment of Neurology,The Second Affiliated Hospital of Zhejiang University, Hangzhou ZHEJIANG 310009, China);Scorpion venom injection in treatment of neuralgia[J];Chinese Journal of New Drugs and Clinical Remedies;2000-03
10. Deng Yan ping, Xu Guo zhu, Wang Wei, Shen Xiao heng, Chen Qing tang, Gao Hui zhen, Pan Yi zheng, Zhu Tian yue, Zhu Du ming, Zhou Xian mei, Liu Ya li, Cai Zhi ji. (National Institute on Drug Dependence, Peking Universit;Clinical evaluation of analgesic effect and safety of scorpion venom injection[J];Chinese Pharmaceutical Journal;2002-06
11. Shao J, Kang N, Liu Y, Song S, Wu C, Zhang J. 2007. Purification and characterization of an analgesic peptide from Buthus martensii Karsch Biomed. Chromatogr. 21: 1266–1271


12. BRITO, R.R. - Acesso em 18.12.13 - 20h.

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